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Combater o risco de amputação na diabetes

O risco de amputação é uma complicação real da diabetes. Felizmente, é relativamente simples de prevenir. Neste artigo contamos-lhe tudo.

A diabetes é a principal causa de amputações não relacionadas com traumas (acidentes) em Portugal. Estas podem ir desde a retirada de um dedo, a amputar o pé ou mesmo a perna. Tudo depende da extensão da infeção ou morte dos tecidos (necrose). Mas não se assuste! Apesar de merecer respeito e atenção, é possível evitar chegar à necessidade de amputação.

Porque é que a diabetes pode levar à amputação

Na diabetes, o excesso de açúcar no sangue danifica a estrutura dos vasos sanguíneos. Por isso, o sangue acaba por não «alimentar» corretamente as células. É a chamada doença arterial periférica. Esta doença leva a danos nos tecidos dos pés e pernas que, por isso, têm mais facilidade em ganhar feridas. Por outro lado, também dificulta a cicatrização. Ora, isto leva a um ciclo que aumenta a probabilidade de infeção.

 

Por outro lado, com a diabetes aumentam as lesões nos nervos. Isto tem o nome de neuropatia diabética. Esta é mais comum nas extremidades do corpo (pernas e pés) por ser onde o sangue tem mais dificuldade em chegar.

 

Às lesões nos pés causadas pela doença arterial periférica e pela neuropatia diabética, chamamos pé diabético.

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Combater o risco de amputação na diabetes

O papel da neuropatia diabética

 

Na neuropatia diabética, os nervos não funcionam corretamente. Por um lado, não estimulam os órgãos da maneira que deveriam. Por outro, não transmitem as sensações. Ou seja, a pessoa não sente dor. Daí que, uma pessoa com neuropatia diabética, ao fazer uma ferida no pé, muitas vezes não se apercebe da mesma. Ou mesmo sabendo que a tem, por esta não doer, não se apercebe da sua gravidade.

 

Infeção grave leva a amputação

Temos a conjugação de 3 fatores:

 

  • maior propensão a feridas e lesões;
  • maiores dificuldades de cicatrização;
  • desconhecimento ou desvalorização da ferida por ausência de dor.

 

Este cenário pode levar a infeções graves. Ou até mesmo a gangrena, que é a morte dos tecidos. Em casos extremos, a extensão da infeção é tal que se torna impossível de combater com antibióticos. O tecido deixa de ter recuperação possível. A única solução para tratar a infeção ou a gangrena é amputar (remover) a área afetada.

Observar, cuidar, prevenir a amputação

Tem diabetes? Esteja muito atento aos seus pés e pernas! Principalmente à medida que a idade avança. A partir dos 75 anos o risco de ulceração (ferimento) desta zona e consequente necessidade de amputação sobe consideravelmente.

 

Observe os seus pés diariamente

 

Habitue-se a observar os seus pés diariamente. Por exemplo, todos os dias ao deitar. Observe a existência de:

 

  • bolhas;
  • cortes;
  • fissuras ou gretas (especialmente no calcanhar);
  • feridas;
  • vermelhidões;
  • áreas esbranquiçadas;
  • calos;
  • alterações estranhas da cor;
  • unhas encravadas.

 

Tenha atenção também à temperatura dos pés. Se os sentir mais quentes ou mais frios do que o habitual, pode ser um sinal de que algo não está bem. Toque neles. Passe algum material suave e veja se deteta a sensação. Se não sentir nada, consulte o seu médico.

 

Diminua a probabilidade de apanhar uma infeção fúngica, como o pé de atleta ou fungos nas unhas. Use sempre calçado próprio em balneários e piscinas.

 

Mantenha os seus pés limpos e seque-os bem com uma toalha, quando molhados. Especialmente entre os dedos. Hidrate-os regularmente. Assim, impede a secura que pode levar a fissuras na pele.

 

Recorra sempre a especialistas dos pés

 

Se não conseguir fazer a observação por si, peça ajuda a um familiar. Adicionalmente, vá regularmente a um podologista (médico especialista dos pés). Juntos, conseguirão ir controlando a saúde dos mesmos. Se for remetido para uma consulta de pé diabético, não falte às marcações. Só assim poderão ser detetadas a tempo algumas lesões que possam precisar de cuidados.

 

Cuide dos seus pés com profissionais especializados. Escolha locais higiénicos e seguros para fazer a pedicura e tratar dos calos. Lembre-se: mais do que beleza, está a cuidar da sua saúde.

 

Use sapatos suaves e de qualidade. Evite qualquer par que lhe cause bolhas ou feridas. Não use nunca sapatos apertados. Se estrear um novo par, proteja as zonas onde existe maior probabilidade de feridas com apósitos ou pensos especializados. No mercado existem várias opções acessíveis. Poderá também pedir ajuda ao seu farmacêutico.

 

Adote um estilo de vida equilibrado

 

Não fume. O tabaco danifica os vasos sanguíneos. Também dificulta os processos de cicatrização. Por isso, potencia ainda mais os efeitos da diabetes. E claro, aumenta as probabilidades de danos nos pés e pernas.

 

Controle a sua diabetes. Mantenha uma alimentação equilibrada, evite o sedentarismo e vigie a glicemia (açúcar no sangue). Tome sempre a medicação prescrita pelo seu médico. Uma diabetes bem controlada permite ter uma boa qualidade de vida. Além disso, atrasa e previne o desenvolvimento de outras complicações.

 

Em Portugal, 20 a 25% dos internamentos hospitalares de pessoas com diabetes acontecem devido ao pé. Neste momento, o pé diabético causa entre 1200 a 1500 amputações dos membros inferiores por ano. Cerca de 99% destes casos podiam ser evitados se houvesse um cuidado atento, especializado e a pessoa com diabetes fosse bem acompanhada. A amputação traz à pessoa com diabetes a perda da sua autonomia. Tem um enorme impacto negativo na sua qualidade de vida e da família e cuidadores.

 

Por isso, lembre-se: a amputação é um caso extremo, mas é um risco real. Nenhum médico a recomendará se houver outra possibilidade de salvar o tecido ou o membro. Mas a prevenção depende de si! Não tenha medo: observe ou peça ajuda e cuide dos seus pés e pernas. Quanto mais cedo uma lesão for detetada, maior a possibilidade de cura e recuperação. E menor o risco de chegar à necessidade de amputação.

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Referências
  • Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI)

  • WebMD

  • Diabetes.co.uk

  • Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP)

  • Rádio Renascença

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